THE BELL JAR (A REDOMA DE VIDRO) DE SYLVIA PLATH
Antes
de tudo, esta obra da Sylvia Plath – A redoma de vidro – é muito pesada, é
recomendado ler apenas quando a pessoa estiver de bem com a vida,
principalmente no aspecto psicológico, pois trás diferentes maneiras em
detalhes de como a protagonista pensa em cometer o suicídio. Portanto, se você
estiver psicologicamente instável, não leia, é uma obra pesada, sombria.
A
redoma de vidro foi publicada em 1963 sob o pseudônimo de Victoria Lucas. É considerada
uma obra semi-biográfica, porque a escritora produziu esta a partir de sua
própria experiência com a depressão, é um romance narrado em primeira pessoa, é
a protagonista Esther Greenwood que narra sua própria história.
Começa com a Esther em um verão em Nova York, onde ela
uma estudante universitária ganha um estágio remunerado em uma importante
revista feminina de moda, além do dinheiro que ela ganha, há também os
presentes, desde livros a produtos de maquiagem. No início, aparentemente ela
está bem, tirando o fato dela mesma dizer que Nova York não é assim tão boa
quanto poderia ser na visão dela. Mas que só em estar longe de sua cidade
parece bom no momento.
Através na narração da Esther enquanto está em Nova
York, conhecemos Betsy, a garota certinha que vinha do Kansas, descrita pela
Esther como a garota que teria um futuro de sucesso onde ela quisesse e a
Doreen, totalmente contrária a Betsy, Doreen representa a mulher do século XX
que quer a independência em todos os sentidos, não se preocupa com o que as
pessoas falam, anseia a liberdade e para isto faz o que quer.
A Esther tem dezenove anos, irá estudar Letras em
Língua Inglesa na universidade da qual ganhou uma bolsa de estudos, ganhou
prêmios e o estágio na revista em Nova York, no entanto percebemos ela
melancólica, pois ela tem tudo que faria uma garota de sua idade se sentir no
auge de sua popularidade, fazendo-a pular de alegria, mas ela não, ela só pensa
em tristeza e no caso do casal Rosenberg que foram executados, esse é o início
da obra, ela se questionando sobre a morte.
Ela pensa em ser escritora, não sabe sobre o quê irá
escrever, mas é isso que quer ou pelo menos era o que ela pensava querer.
Nos últimos dias do estágio a chefe dela, chamada de
Jota Cê, lhe pergunta o que quer fazer quando terminar a universidade, só então
Esther percebe que não sabe, que não tem a mínima ideia do que fazer, ela se
encontra em um questionamento profundo e, quando o estágio acaba ela volta para
sua cidade em Massachusetts e descobre a carta do curso de Escrita de verão que
tinha se candidatado, que não tinha entrado, mas que ela poderia escolher um
dos outros cursos, só que a Esther não vai, decide escrever um romance até o
fim do verão, antes de ir para a universidade, estudar Letras em Língua Inglesa.
Acompanhamos uma jovem promissora escritora escrever
uma linha daquele que seria um grande romance parar do nada e não saber o que
desenvolver. Ela sofre de um bloqueio que faz com que ela não saiba escrever e
nem ler, esse fato provoca insônias por várias noites, até então não percebemos
nada de anormal na protagonista, vemos apenas uma jovem que queria tudo, menos
entrar para os estereótipos femininos da época: casar, ter filhos e passar a
vida em casa submissa ao marido.
Os remédios para dormir passados por uma médica
conhecida pela família não funcionam mais, então esta médica lhe indica um
psiquiatra, o Dr. Gordon, as pessoas quando estão com problemas procuram
psiquiatra, então não vemos nada demais, é quando na consulta, o psiquiatra diz
que ela precisará de um tratamento de eletrochoque, só então percebemos o quão
ruim mentalmente Esther estar.
Mas este tratamento ao invés de deixar todos
tranquilos provoca nela um trauma e é então que vemos ela se trancar em sua
redoma de vidro, impenetrável e sucumbido cada vez mais em sua profunda
depressão. Todavia, Esther transparece melhora, fazendo com que a mãe cancele
as consultas com o Dr. Gordon, porque ela parece muito bem ou ela não quer
enxergar o quão triste a filha estar.
Esther passa constantemente a pensar em morte, em como
e qual a melhor maneira de morrer, qual roupa deve usar quando tirar a própria
vida, ela diz que morrer queimada é terrível e assombroso, mas que afogada é
magnifica, nobre. Assim, vemos uma personagem sofrer internamente, mas
externamente demonstra está curada de sua tristeza. É quando ela decide como
morrerá, escreve um bilhete para a mãe dizendo: “Vou sair para uma longa
caminhada.” Ela desce para o porão com uma grande quantidade de remédios para
dormir, tomando-os quase todos, não sabemos quanto tempo Esther ficou
desacordada, só sabemos que ela acorda em um hospital após a mãe ficar
preocupada pela caminhada está demorando tanto, chama a polícia e nada dela
aparecer, é quando desce ao porão para ver umas roupas sujas para lavar e
encontra Esther quase inerte.
Esther tinha uma benfeitora, uma escritora de ficção
famosa, Philomena Guinea, que ao descobrir o hospital psiquiátrico em péssima
qualidade em que Esther estava, a transfere para um melhor e é lá que o
restante da história de Plath é narrada. Vemos Esther passar por cada etapa de
seu processo de cura da depressão, o hospital era habitado por apenas mulheres,
sua médica a Dra. Nolan é de suma importância para a saúde mental dela. Porque
diferente do Dr. Gordon, ela mostra a Esther humanidade, se preocupa com ela.
Vemos Esther mais apegada à médica do que a própria mãe e aceitando o
tratamento de eletrochoque de bom grado.
No hospital psiquiátrico, vemos Esther reencontrar
Joan, uma garota de sua cidade, da qual ela não gosta muito, Joan namorou
primeiro o ex-namorado de Esther, Buddy Willard, até que Joan comete suicídio.
É um fato que faz com que Esther já bem melhor pense sobre o suicídio, ela vai
ao funeral de Joan e percebe quão trágico é e quão escuro é a sepultura, vemos
ela refletir sobre os sete palmos de terra cavados no chão, uma escuridão. A
obra acaba com ela na entrevista para saber se vai sair do manicômio ou não, se
caso sair irá direto para a universidade, seguir com sua vida “normal”.
“Doutora
Nolan havia me dito, bem francamente, de que muitas pessoas me tratariam com
cautela, ou até mesmo me evitariam, como se eu fosse uma leprosa com um sino de
advertência. O rosto da minha mãe veio a minha mente, uma lua pálida e
reprovadora, em sua última visita ao asilo desde meu aniversário de vinte anos.
Uma filha em um manicômio! Eu tinha feito isso a ela. Ainda que ela estava,
obviamente, decidida a me perdoar.
‘Nós
tomaremos de onde paramos, Esther,’ ela falou, com seu doce sorriso de mártir.
‘Nós agiremos como se tudo isso fosse um sonho ruim.’ Um sonho ruim.
Para
a pessoa que estava na redoma de vidro, apagada e interrompida como um feto
morto, o mundo em si era o sonho ruim. Um sonho ruim.”
Não sabemos até que ponto a obra de Sylvia Plath se
confunde com a sua própria realidade, mas o fato é que após pouco tempo da
publicação da obra, ela cometeu suicídio com gás de cozinha, não conseguindo
ver o sucesso de sua escrita para as gerações futuras. O que podemos concluir é
que The bell jar – A redoma de vidro – é um relato semi-biográfico ou não, mas
bem real sobre a depressão, sobre o que se passa no inconsciente de muitos
jovens que se fecham em sua própria redoma de vidro e sobre o fato dos que
estão ao seu redor não enxergarem o casulo do qual estes se fecham cada vez
mais.
É um romance que vale a pena ler, mas como disse lá no início, leia somente se estiver de bem com a vida, alegre, caso contrário a escrita de Plath só aprofundará sua possível tristeza ou seu problema ficará maior.
PLATH, Sylvia. A redoma de vidro. Rio de Janeiro: Record, 1999.



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